quarta-feira, 5 de outubro de 2011

I Seminário Nacional LEPCON‏


Estão abertas as inscrições de trabalhos para o I Seminário Nacional LEPCON. O evento acontecerá nos dias 17 e 18 de novembro de 2011 no Instituto de Ciências Humanas da UFJF e terá como tema Minorias e suas Representações.
Os interessados em apresentar comunicação no evento têm até o dia 30 de outubro para enviar o resumo com a proposta.

Para maiores informações e conferir a programação completa, acessem:

http://lepcon.blogspot.com

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Você conhece o professor Rivail?



Você conhece o professor Rivail?
Por Cláudio Kaz


03 de outubro de 1804 na cidade de Lyon, na França, nasce Hippolyte-Léon-Denizard Rivail. Você pode não reconhecer esse nome, mas ele foi bem famoso em seu tempo. Porem ele é conhecido hoje por outro nome. Continua não entendendo? Então vamos continuar.
Nos seus primeiros anos de vida estudou na cidade de Lyon, quando em 1814 foi para Suíça e educado no Instituto Pestalozzi de Yverdon. Fundado e dirigido pelo próprio Johann Heinrich Pestalozzi. Célebre pedagogo e educador suíço, um dos pioneiros na reforma educacional. Não se sabe ao certo quando Rivail voltou para a França, mas com 18 anos já trabalhava com magistério e tradução de livros. E seu primeiro livro Curso prático e teórico de aritmética, saiu em 1823.
Muito aplicado e estudioso, além do seu trabalho com sala de aula e livros passa a freqüentar a Sociedade de Magnetismo de Paris e em 1825 dirige a Escola de Primeiro Grau. Lá aplica a sua maior influência, o seu mestre Pestalozzi. Podemos dizer que Pestalozzi está para o professor Rivail assim como Rousseau está para Pestalozzi.
Na escola aplicava os principais mandamentos de seu mestre:
1.    A intuição é o fundamento da instrução.
2.    A linguagem deve estar ligada à instituição.
3.    A época de ensinar não é a de julgar e criticar.
4.    O ensino deve seguir a via de desenvolvimento jamais, a da exposição dogmática.
5.    A individualidade do aluno deve ser sagrada para o educador.
6.    As relações entre mestre e aluno, sobretudo no que concerne à disciplina, devem ser fundadas no amor e por ele governadas.
Um ano depois Rivail funda o Instituto Técnico Rivail. Esse bem mais modelado no instituto de Yverdon. Seguindo a mesma linha cria seis princípios básicos ao ensino:
1.    Cultivar o espírito natural de observação das crianças, dirigindo-lhes a atenção para os objetos que as cercam.
2.    Cultivar a inteligência, observando um comportamento que habilite o aluno a descobrir por si mesmo as regras.
3.    Proceder sempre do conhecido para o desconhecido, do simples para o composto.
4.    Evitar toda atitude mecânica, levando o aluno a conhecer o fim e a razão de tudo o que faz.
5.    Conduzi-lo a apalpar com os dedos e com os olhos todas as verdades.
6.    Só confiar à memória aquilo que já tenha sido apreendido pela inteligência
Seu trabalho recebe grande reconhecimento. Rivail dedicou sua vida à educação e se convence de que somente por ela se pode melhorar o mundo. Em 1828 elabora um projeto chamado Plano Proposto Para a Melhoria da Educação Pública e o lança em livro.
Em 1831, mais três livros:
1.    Memória Sobre a Instrução Pública.
2.    Gramática Francesa Clássica de Acordo com um Novo Plano.
3.    Qual sistema de estudos mais em harmonia com as necessidades da época? (Premiado pela Real Academia de Arrás)
Nesse mesmo ano conhece Amélie-Gabrielle Boudet. Com quem se casaria no ano seguinte.
Porém, no ano de 1834, seu tio e sócio no instituto, põe tudo a perder, pois seu vício em jogatina o faz aumentar cada vez mais as dívidas. Com isso, não agüentando a pressão, precisou fechar as portas. Como desgraça quando chega nunca vem sozinha, o dinheiro que sobrou do instituto tinha sido entregue a um amigo para investimentos comerciais. Com uma sequência de péssimos negócios, Rivail e Amélie ficaram com uma mão na frente e outra atrás.
Aos 31, longe de desanimar, Rivail levantou a cabeça junto com sua esposa e começou a trabalhar como contador de três empresas e a noite se dedicava aos estudos e livros. Além de cursos gratuitos para jovens pobres. A má fase veio como uma transformação na vida de Rivail. Parece que às vezes seja necessário acontecer algo desse tipo em nossas vidas. No caso dele só veio a somar. Podemos analisar Rivail como um burguês liberal, seguidor do "Liberdade, igualdade, fraternidade." Convencia-se de que era preciso criar uma nova humanidade através da criança. Era reformador, progressista, acreditava nas novas descobertas da ciência e no positivismo. E, sobretudo na educação. Em suas palavras “aquele que estudar as ciências rirá da credulidade supersticiosa dos ignorantes... Ele não mais crerá em almas do outro mundo e em fantasmas. Não mais tomará fogos-fátuos por espíritos”.
É... Sr. Rival realmente precisava mudar. E mudou. Apesar de seu excelente trabalho nas áreas da educação sua mente ainda era de um homem de seu tempo. Foi então que algo aconteceu.
Em 1854 se encontrou com um amigo e comentou a respeito de fenômenos que estavam acontecendo em Paris. Senhor Fortier era magnetizador e comentou com o professor Rivail sobre “mesas girantes”. Após ser explicado do que se tratava e Rivail não ter levado muito fé, resolveu explicá-lo por meios de ciência conhecida do que se tratava. Um outro encontro em outro dia, o mesmo assunto. Senhor Fortier dizia que as mesas não só giravam, mas também respondiam a perguntas. Incrédulo, professor Rivail não deu muita atenção aos casos.
Somente um ano depois, novamente encontrando com o mesmo senhor resolveu ter ver com os próprios olhos do que se tratava. Uma reunião foi marcada e o que aconteceu realmente o instigou e mudou completamente sua vida. Viu mesas girarem, saltarem e corriam. Uma cesta com um lápis pendurado escrevia palavras em uma ardósia. Pela dimensão do visto ele resolveu procurar a causa daquilo tudo.
Após freqüentar várias reuniões constatava que pessoas “sonâmbulas” respondiam perguntas formuladas oralmente e até mentalmente.
As pessoas faziam perguntas sobre coisas fúteis e até divertidas. Porém, com o passar do tempo o professor foi sistematicamente freqüentando o ambiente e formulando perguntas mais sérias. Com isso o interesse dos frívolos foi se perdendo e os mesmos deixando de comparecer. Rivail aplicou nessa ciência toda a sua bagagem. Sem teorias preconcebidas, observava cuidadosamente, comparava, deduzia conseqüências. Tentava remontar as causas de tais efeitos, tanto por dedução como por encadeamento da lógica dos fatos. Não admitia uma só explicação. Somente quando sanava todas as dificuldades da questão. Viu ali, uma luz que poderia resolver problemas da humanidade. Questões que ele próprio procurava.
Certa noite, um médium fez-lhe uma comunicação pessoal. Um espírito disse que conhecia o senhor Rivail em outra vida. Eles eram amigos e viveram no tempo dos Druidas, na Gália. E que o nome do professor Rivail em outra existência era...? Você caro leitor, já adivinhou de quem estamos falando? Não? Então aí vai. O nome do professor Rivail em outra existência era Allan Kardec. Sim! Ele mesmo! Acredito eu que você já tenha ouvido esse nome antes. Pois é. Surpreso?
Após várias sessões, com o professor sempre levando questões previamente formuladas sobre psicologia, filosofia e sobre o mundo invisível, percebeu que ali se formava uma doutrina. Depois de muito comparar, observar e julgar.
Certa noite entrou em contato com um espírito através de um médium em uma sessão e tal entidade se autodenominou A Verdade. E dizia que iria estar disponível para o professor para responder perguntas. E completava que o senhor Rivail tinha uma missão a cumprir.
E em 1857, após juntar todas as respostas viu o esboço de um livro. Foi então que em 18 de abril 1857 é lançado O Livro dos Espíritos.
O livro vem com 1019 perguntas. Tratando de filosofia, ciência e religião. Assuntos mais variados como Deus, universo, criação, encarnação, reencarnação, moral, sociedade, progresso, liberdade, fraternidade e igualdade etc. É leitura de fôlego caro leitor! Indispensável, independente de qualquer credo.
Com o sucesso do Livro dos Espíritos Allan Kardec (agora já podemos chamá-lo assim) percebeu uma necessidade. A troca de informações. Com isso lança a Revista Espírita em 1858. E no mesmo ano cria a Sociedade Espírita de Paris. A fama do livro o fez ter contato com personalidades da época. Pessoas de alto nível social, literário, artístico e científico. Inclusive era contatado por Napoleão III que não escondia seu interesse pelos fenômenos.
Em 1859 lança O que é o Espiritismo. Onde trata de noções elementares a doutrina espírita e resposta as mais notórias objeções ao espiritismo.
1861 mais um livro. O Livro dos Médiuns trata das manifestações e, logicamente, dos médiuns. É um guia para aqueles que desejam participar de atividades mediúnicas. Ou também para os interessados em conhecer.
No mesmo ano o espiritismo sofreu um atentado. Allan Kardec recebeu um pedido de encomenda de seus livros para serem enviados a Espanha. Da alfândega as caixas não sobreviveram. Como o conteúdo das caixas era declarado, o Bispo de Barcelona julgou os livros ofensivos a fé católica. Sendo assim, mandou confiscar e queimar todo o material. Nada que perturbasse a trajetória espírita. Como dizia Kardec “podem queimar livros, mas não se queimam idéias”.
1864 foi o ano de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Talvez o livro mais religioso. Trata-se do ensino moral deixado por Jesus Cristo. Explica, na visão espírita, os ensinamentos deixados pelo Cristo e como utilizá-las nos vários campos da vida. Também indispensável essa obra.
No outro ano é a vez de O Céu e o Inferno. Fala da justiça divina segundo o espiritismo. De onde viemos? Para onde vamos? Como é a vida do outro lado? Questões como essas são abordadas. Fala sobre penalidades, recompensas, anjos, demônios e penas eternas. Mostrando, através de comparação, como são ilógicos certos fatos. E além de depoimentos de espíritos desencarnados. Cada um em um estado evolutivo diferente.
Então, em 1868, seu último livro em vida. A Gênese. Aborda a síntese dos volumes antes publicados. Tudo de um ponto de vista científico. Analisa a origem do planeta terra, sem misticismos já conhecidos. Fala sobre milagres, predições, sinais dos tempos, novas gerações e lei Divina.
Em 1869 morre. Seus restos mortais se encontram hoje no cemitério Père-Lachaise, em Paris com os dizeres em seu túmulo: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.”
Seu legado permanece ate hoje e o espiritismo cresce cada vez mais. Principalmente no Brasil. Dizem que algo se auto-anula com o passar do tempo, quando a fundamentação não é coerente. Sendo assim, podemos perceber que a chama dessa doutrina não se apaga. Muito pelo contrário, sobeja cada vez mais.